A HISTORIA MAL CONTADA

Na ganância pelo poder, os tiranos lançam uma faísca de ideologia em busca de uma massa de manobra. Pessoas sonhadoras acendem seus sonhos com essa faísca e ganham forças para organizar grupos de interesses comuns. Diversos grupos de ideologias próximas acabam se reunindo e articulando movimentos, agregando cada vez mais pessoas. Após certa evolução, o tirano acende o estopim, colocando jovens descartáveis na linha de frente, enquanto ele permanece em seu gabinete, apenas observando.

O conflito armado e as mortes são certas. Do lado atacado, a imprensa noticia um crime cometido, que em curto período de tempo cai no esquecimento, restando apenas a dor dos familiares.

Do outro lado, trombetas, a imprensa, tocam uma pauta distribuída, e grupos alardeiam seus feitos com base em suas ideologias, a fim de se justificarem e convocar mais jovens para a briga. Falsos ídolos serão criados, e terão suas vidas cobradas, pois trombetas não silenciarão.

O final: pessoas de ambos os lados morrerão, e a história será narrada por quem atacou, onde as trombetas ecoarão constantemente. O lado atacado simplesmente se defendeu sem o que justificar, verá as trombetas continuarem a tocar a mesma pauta, sendo agraciadas pelo erário, influenciadores desfrutarão da mesma gratificação, levando uma vida de virtudes.

Gerações passarão e terão a história contada pelas orquestras de trombetas, desprezando a pequena nota daqueles que apenas se defenderam e não se justificaram. As gerações que viveram a época serão desacreditadas. Os tiranos serão idolatrados, ganharão cada vez mais destaque. Livros serão escritos, filmes rodarão nas telas, educadores doutrinarão os jovens até que tomem o poder.

A história se sustenta até o momento em que gerações serão caladas, tendo seus direitos roubados e uma conta insuportável a pagar. Então, ocorrerá a queda das máscaras—infelizmente, tarde demais.